24 julho, 2006

Sinistra esta guerra bushiana que Israel move contra a Hizbollah de forma criminosa e estúpida, sacrificando vidas inocentes numa agressão inominável ao Líbano. Não há justificativa para tão covarde terrorismo de Estado; a alegação de "combate ao terrorismo" , neste caso, é mais que cínica. Espantosa também a covardia dos Chefes de Estado da Comunidade Européia que calam o protesto pelo temor de ser considerados "anti-semitas". Semita só pode ter um significado aceitável histórica e antropologicamente: falante de uma língua do tronco semítico. Como é o caso dos árabes, dos palestinos, dos libaneses, tanto quanto dos judeus. Quantos semitas o Estado nazista de Israel está sacrificando? Esse Estado de Israel nada tem a ver com a verdadeira, forte e bela tradição judaica. Seus líderes sujam o nome do patriarca e cospem na boca dos profetas com seu despudor homicida, alheio a quaisquer valores morais.

Agora passo a outro assunto que me está preocupando muito: uma ameaça sinistra contra um dos mais belos lugares do mundo, a bacia do Rio Xingu. Estão querendo lá construir barragens criminosas que podem destruir magnífico nicho ecológico e um santuário de culturas indígenas, colocando em risco a vida de muitos povos. Por favor, protestem, lutem todos contra este crime premeditado e anunciado cinicamente. Abaixo reproduzo mensagem que enviei a respeito ao Presidente da República.

Exmo. Sr. Presidente da República

Luis Ignácio Lula da Silva

Em nome dos interesses maiores da humanidade, vimos fazer a Vossa Excelência um apelo no sentido de evitar uma verdadeira tragédia: o brutal comprometimento de um nicho ecológico dos mais ricos, a redução calamitosa da biodiversidade de nosso país e a violenta agressão a uma área cultural exuberante, com dano a diferentes povos que se distinguem entre os primeiros habitantes do Brasil. A Barragem de Paranatinga II, que tem suas obras em execução ao arrepio da lei, afrontando decisão judicial, representa um atentado contra um sistema hídrico vulnerável, com as mais deletérias conseqüências para o ecossistema. Além disso, atenta contra os direitos humanos e a diversidade cultural, pois coloca em risco a qualidade de vida e mesmo a sobrevivência dos povos da bacia do Xingu, que — se a obra nefasta não for detida — serão dramaticamente afetados pela ilegítima construção da PCH Paranatinga II no Rio Culuene, por sinal a apenas dois quilômetros de uma Reserva Ecológica: o modo de vida tradicional dos Waurá, Kuikuru, Yawalapiti, Kamayurá, Nafuquá, Aweti, Kalapalo, Mehinako, Matipu, Trumai, Ikpeng, Kayabi, Juruna, Beiço de Pau, Suyá, Kayapó, e Xavante corre assim um risco de extinção.


Não queira Vossa Excelência que em seu governo um crime dessas proporções seja perpetrado.


Confiando em seus sentimentos de humanidade e dignidade, em seu respeito à vida e aos direitos dos povos, esperamos resposta a nosso apelo: confiamos em que Vossa Excelência fará suspender a construção da nefanda represa.


Respeitosamente,


Prof. Dr. Ordep Serra

Coordenador do Grupo Hermes de Cultura e Promoção Social